sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

um intervalo de tempo, para o antes.

As ruas estavam vazias. Não havia bicicletas, skates, muito menos automóveis. O silêncio instalara-se e apenas o meu batimento cardíaco se fazia ouvir. Ali, sentada naquela escadaria com vista para o rio, em que tudo havia ter sido o melhor que senti até ao momento, dou comigo a pensar no que não houve, sim no que não houve. Porque, tudo o que houve, tudo o que tivemos está presente, esta sempre e não muda. Mas, o que não tivemos e o que não houve não esta. Então, aquele foi o momento certo. No meu pulso, ao contrario do que acontece à algumas semanas, estava o teu relógio. O relógio que andava sempre comigo, fosse para onde fosse, o relógio que, depois de tanto tempo, ainda tem o teu cheiro. E, no ponto alto do crepúsculo, em que aquela mistura de cores faz lembrar as tardes infinitas de Verão, as palavras que nunca te disse assombram-me os pensamentos, o aperto na garganta que já à muito tempo não sentia, voltou. Podia ter dito tantas coisas, tantas. Podia ter-te dito que tinha tanto orgulho em ti que para mim eras, sem duvida alguma, perfeito. Podia ter-te dito que queria que viesses estudar para cá. Podia ter-te dito que as tuas saídas à noite não me agradavam mas que, apesar de tudo, confiava em ti. Podia ter-te dito tudo, e senti que nem metade disse. Estava a pensar em ti, em nós, no que não existiu. Estava a pensar sem mágoas ou qualquer tipo de rancor. Fixei a mistura de tons roxos e uma lembrança destacou-se de todas as outras. Estavas tu, ajoelhado à minha frente, com tom de brincadeira mas com esses olhos a brilhar "queres casar comigo?" "não me quero casar, não acredito em casamentos P" e com uma cara meia seria meia fascinada respondeste, "daqui a uns anos, vou fazer-te mudar de ideias, prometo" (...). O tempo não ajudara em nada a cicatrizar a ferida que tu próprio abriste e, naquele momento, esta alastrou-se. As lágrimas foram impossíveis de evitar. Estava tudo tão errado.
Olhei para o teu relógio, era tarde, estava na hora de regressar a casa. O que ali aconteceu naquele crepúsculo e em todas as aquelas tardes de Verão, teria de ficar ali e só ali. Então, retirei o teu relógio do meu pulso, guardei-o na mala, levantei-me, voltei a observar tudo o que me rodeava, limpei as lágrimas, soltei o cabelo, levantei a cabeça e sorri. Estava na hora de voltar à realidade.

12 comentários:

  1. Está mesmo lindo!
    Nem sei o que te dizer melhoramiga.
    Amo-te <3

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  2. O teu teclado já não é o que era antigamente, ahah.
    Pois, as horas de almoço, o pior é quando demoras horas só para comer esparguete --'
    Amo-te melhor amiga!

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  3. É isso, claro.
    Nós as duas? Conseguimos tudo.
    Preciso sempre de ti, em todos os momentos!
    Amo-te ,

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  4. "Do berço ao caixao, do berço ao cremamento, do berço à fogueira ou do berço ao churrasco" ahah :)
    Amo-te sempre,

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  5. Está belo. Está profundo, mágico. Adorei por completo. Tão estranho e tão presente, tão sincero e tão diferente.

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  6. «Então, retirei o teu relógio do meu pulso, guardei-o na mala, levantei-me, voltei a observar tudo o que me rodeava, limpei as lágrimas, soltei o cabelo, levantei a cabeça e sorri. Estava na hora de voltar à realidade.
    »
    simplesmente fantástico!
    E é mesmo assim ! Venha o que vier, temos sempre que seguir em frente, que voltar á realidade . Se tivermos que chorar, gritar, berras, isolar-nos, fa-lo-emos. Mas somos mais fortes do que qualquer outra coisa e se quisermos podemos ultrapassar TUDO!

    Beijinho ,força nisso :)

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  7. Neste texto representaste tudo aquilo que faço em alturas de aperto de alma :$ Quando doi procuramos o passado para nos confortar e por vezes esquecemo-nos do presente. Contudo há que saber chegar a' realidade sem demoras...

    Adorei*

    Beijinhos

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  8. despertaste-me a alma, agora :') está lindo, mas que magia *

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  9. estou sempre contigo melhor amiga . amo-te (:

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  10. Gosto muito do teu blog :)
    continua a visitar o meu...
    beijo

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  11. omfg , que puro ! que profundo !
    adorei , mesmo .

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