pequenina , o nosso Castelo

Sabes o que me apetecia esta noite ? Passá-la contigo , na varanda do meu quarto , a olhar para o céu estrelado típico de uma noite de Verão . Apetecia-me ter uma daquelas conversas enormes sobre partes da nossa vida em que nenhuma de nós esteve presente e acaba-las com um dos nossos abraços .

Sim , eu sei que também te apetecia .

Já passamos por tanto , não já ? E foi tudo Tao bom pequenina . É Tao bom não precisar de ser crescida contigo , não pensar nos problemas nem no dia seguinte .

Vamos ao mar ? Vamos , vá la, outra vez , juntas . Queria tanto sentir aquela agua gelada a entranhar-se na minha pele enquanto te aperto a mao ao mesmo tempo que tu fazes o mesmo , tal e qual ...

Queria rir . Rir como uma criança , sem dar importância às ondas de agua salgada que atacam a minha cara e se infiltram na boca carregada de gargalhas .

Gargalhadas sinceras , de felicidade . Gargalhadas de duas crianças a brincarem juntas na areia , com esperança que o Castelo que haviam construído não desabe com o aproximar das ondas .

Mas, o nosso Castelo não é de areia nem vai desabar , pois não ? Não , eu sei que não , assim como tu sabes que não .

O nosso Castelo ainda está em construção .

Nele, quando o dia nasce , o sol invade o nosso quarto de princesas , enquanto a melodia dos pássaros soa do lado de fora da janela que nos leva a um jardim de flores cercado pela areia do mar , molhada pelas ondas matinais, enquanto o aroma do mar se mistura com o cheiro do nosso pequeno almoço . À noite , o céu escurece , a Lua ilumina o nosso quarto e as estrelas sorriem para ela , o cantar dos pássaros , desaparece , soando agora o som das ondas a abraçar a areia . É assim , todos os dias e todas as noites , connosco lá , no nosso refugio onde o futuro não interessa e o presente é tudo o que temos . E é tão bom , não é?

O nosso Castelo é assim , um aglutinar de tudo , um aglutinar de nós .

E nunca vai desabar porque o mar ... ó esse , serena sempre que nós pisamos a areia .

amo-te pequenina .